terça-feira, 26 de março de 2019

Faroeste dos cínicos


O carinho que nutro pelo gênero western remonta a diversos momentos da pré-adolescência: comprei uma "Tex" na banca da esquina da Barata Ribeiro com Santa Clara para ler na viagem que faríamos a Aracaju, terra da família materna. Com a acessibilidade dos voos domésticos hoje em dia parece surreal se deslocar do Rio de Janeiro ao Nordeste por ônibus, de dia e meio a dois na estrada, mas era comum na época. Haja chão, portanto, e eis-nos munidos de gibis diversos para suportar a monotonia do trajeto. A viagem em si era um cenário de "Tex", Arizona ou Colorado remoto, mato, subidas e descidas, terra. E enquanto o ônibus rolava pela poeira da BR, Tex Willer era emboscado pelo astuto apache. Ao término da viagem Aracaju também era em si, é claro, um Oeste distante para um menino da zona sul do Rio de Janeiro, já às portas do semi-árido nordestino e com suas ruas de chão batido, início dos anos 90.

terça-feira, 5 de março de 2019

Por que o Iluminismo não foi a era da razão



Inaugurando o blog, traduzo abaixo -fonte ao final- um texto sobre um tema que me é muito caro: as Luzes, das quais, como marxista, sou tributário. O autor sustenta a tese de que o período não foi o de uma apologia à razão fria, ao contrário do que o senso comum deixa transparecer.

A imagem que ilustra o post, utilizada no texto original, é "Un dîner de philosophes" ("Um jantar de filósofos"), por Jean Huber (1772).

Por que o Iluminismo não foi a era da razão

Henry Martyn Lloyd

Do outro lado do Atlântico grupos de intelectuais fizeram uma convocação para a guerra. A cidadela sitiada a ser defendida, afirmam, é a da ciência e da política baseada em fatos e evidências. Esses cavaleiros do progresso -como o psicólogo Steven Pinker e o neurocientista Sam Harris- condenam o aparente ressurgimento da paixão, emoção e superstição na política. Eles dizem que a base da modernidade é a capacidade humana de controlar forças disruptivas de forma racional e com a cabeça fria. O que precisamos é dar um "reboot" no Iluminismo, portanto.