segunda-feira, 21 de março de 2022

De capturas da alma


Navego pelas ruas de Jacarepaguá, como sobre o dorso de camelos. A caminho do Anil, após o supermercado, há uma larga calçada com gramado e árvores enormes. Deixei meu filho na escola e passei por lá em uma gloriosa manhã ensolarada. Nada em especial, um dia de semana qualquer, carros e pessoas em sua labuta cotidiana. Foi quando ao passar pela calçada do gramado senti aquilo. Tentarei explicar na medida do possível. Foi uma espécie de golpe, mas na alma, como, imagino eu, é a sensação de morrer. A alma prestes a alçar voo, uma sensação entre o desmaio e a maior lucidez possível, algo de nós partindo e sendo portanto necessária a maior firmeza de espírito para não deixá-lo fugir.